15 outubro 2006

Rio Maior - Portugal • Setembro 2006

Exibição no Cairo - Egipto

Historia da Dança Oriental

Por todo o Médio Oriente e Norte de África existe uma dança particular, realizada por mulheres, conhecida como uma das mais antigas do mundo e que ainda hoje persiste e se desenvolve.
Existem inúmeras teorias, e algumas até contraditórias, sobre a origem da Dança Oriental. Determinadas pesquisas apontam para o local onde é hoje a Siría e o Líbano, muito embora tenha sido no Egipto onde esta dança mais se desenvolveu.
A Dança Oriental é conhecida por diversos nomes, nomeadamente por “Raks al Sharki”, cuja tradução literal do árabe é “Dança do Oriente”, distinguindo-se da “Raks Baladi”, ou seja, da “Dança do Povo” pelo seu estilo mais sofisticado, pelo uso dos braços e parte de cima do corpo, e pelo uso de mais espaço durante a performance.
A “Raks Baladi”, por seu lado, apresenta uma forma mais básica desta dança, mais estática, onde predominam os movimento da anca.
A partir da segunda metade do século XIX, pelos Estados Unidos e Europa, surgiu um grande interesse por tudo o que era exótico e proveniente do Oriente, podendo mesmo afirmar-se que surgiu uma nova moda – o Orientalismo, que se manifestou não só na literatura e pintura como na música e na dança. Realizaram-se diversas Feiras Mundiais, onde bailarinas de Dança Oriental inspiraram Europeus e Americanos a apelidar, erradamente, esta dança de “Danse du Ventre” ou “Bellydance”.
Uma designação bastante limitativa uma vez que é uma dança que envolve todas as partes do corpo e que dá, inclusivamente, mais ênfase ao movimento das ancas do que propriamente ao do ventre.
É uma dança que requere grande perícia, sendo apreciada tanto por homens e mulheres de todas as idades. Está tão enraizada na cultura do Médio Oriente e Norte de África que não pode haver casamento ou outro tipo de celebração que não a inclua.O Ocidente criou desde essa altura diversos estereótipos relativamente à Dança Oriental que vão desde o romântico e sensual ao provocador e pecaminoso.
Ruth St Denis, uma percurssora da Dança Moderna do inicío do século XX, contribuíu para o desenvolvimento desses estereótipos através das suas interpretações das danças orientais, assim como a sumptuosidade do guarda roupa criado para o bailado “Scherazade ” da Companhia de Diaghilef ajudou a construír uma imagem de luxo e de sonho.
Através de uma análise mais cientifíca das descobertas arqueológicas dos finais no século XIX, sobretudo por egiptologistas, surgiu uma nova percepção desta dança que foi para além das exibições desinibidas das bailarinas.
A dança também passou a ser relacionada com o misticismo e a espiritualidade da antiguidade, verificando-se que fazia parte dos rituais de fertilidade e que a nudez dos corpos e os movimentos das bailarinas traduziam algo de sagrado e não simples entretenimento.Associada a esta nova concepção da Dança Oriental está também a ideia dos benefícios físicos e terapêuticos que os movimentos da dança trazem para o organismo. Apesar deste facto, na realidade é o estatuto social da bailarina que define o estereótipo criado em torno desta dança.
Uma outra dança relacionada com a “Raks Sharki” e a “Raks Baladi” é a “Raks Ghawazee”. As Ghawazee (no singular Guawzia) são bailarinas profissionais de origem cigana que vieram da India para o Egipto pela Pérsia, servindo de inspiração a numerosos escritores como Flaubert e Nerval, e pintores como Jean-Léon Géròme. Actualmente as Ghawazee são vistas ocasionalmente em celebrações no Alto Egipto (Sul do Egipto), onde acabaram por se fixar, incorporando na sua dança elementos da dança folclórica dessa zona – o Saidi.
Ao contrário das Ghawazee que dançavam na rua e em pátios abertos, as “Awalim” (no singular Almeh), não eram ciganas e estavam autorizadas a dançar nas casas das pessoas mais abastadas. As Awalim não só dançavam como cantavam e tocavam instrumentos musicais.
Na viragem para o século XX passou mesmo a ser-lhes exigido que fizessem um teste antes de serem autorizadas a dançar.
Ainda hoje em dia podem ser encontradas na famosa rua Mohammed Ali no Cairo, onde fixaram residência. A partir de 1930 surgiu um outro tipo de bailarina que não era nem Ghawazee nem Awalim.
Uma bailarina siría, chamada Badia Mansabny abriu um clube nocturno no Cairo ao estilo europeu chamado “Casino Badia”, o qual proporcionava espectáculos de entretenimento de estilo árabe/egipcío. Um grande número deste tipo de bailarinas foi contratado para dançar no corpo de baile e as melhores podiam fazer performances a solo.
Actualmente, as melhores bailarinas de Dança Oriental dançam nos hotéis e clubes de 5 estrelas do Cairo, ao som de grandes orquestras e algumas também participam em filmes e em peças de teatro. De facto, o Egipto tornou-se o local, por excelência, da Dança Oriental de qualidade, ao contrário da Turquia, onde esta dança não se desenvolveu com a mesma distinção.
A partir dos anos 70, um número cada vez maior de bailarinas europeias, norte-americanas e australianas passou a viajar para o Egipto com o objectivo de aprender esta dança, permitindo que ela se difundisse por diversos países.

Hana Rasmah

Estilos de dança

É fundamental entender e reconhecer as características dos diversos estilos e ritmos da música árabe, para acompanhar as suas constantes alternâncias, e poder aplicá-los aos movimentos e números específicos. Algumas dançarinas apresentam-se ao som de músicas de ritmos contemporâneos, com alguma influência ritmica da dança oriental, criando performances inovadoras.
Dança da espada
Existem várias lendas para a origem da dança da espada. Uma delas diz que é uma dança em homenagem à deusa Neit, uma deusa guerreira. Ela simbolizava a destruição dos inimigos e a abertura dos caminhos. Uma outra, diz que na antigüidade as mulheres roubavam as espadas dos guardiões do rei para dançar, com o intuito de mostrar que a espada era muito mais útil na dança do que parada em suas cinturas ou fazendo mortos e feridos. Dançar com a espada permite equilíbrio e domínio interior das forças densas e agressivas. Uma terceira lenda conta que na época, quando um rei achava que tinha muitos escravos, dava a cada um uma espada para equilibrar na cabeça e dançar com ela. Assim, deveriam provar que tinham muitas habilidades. Do contrário, o rei mandaria matá-lo. O certo é que, nesta dança, a bailarina deve saber equilibrar com graça a espada na cabeça, no peito e na cintura. É importante também escolher a música certa, que deve transmitir um certo mistério. Jamais se dançaria um solo de Derbak com a espada.
Dança do punhal
Essa dança era uma reverência à deusa Selkis, a rainha dos escorpiões e representa a morte, a transformação e o sexo.
Dança do candelabro , do fogo e da vela
Este tipo de dança existe a muitos anos e fazia parte das celebrações de casamento e nascimento de crianças. É tradicionalmente apresentada na maioria dos casamentos egípcios, onde a dançarina conduz o cortejo do casamento levando um candelabro na cabeça. Desta maneira, ela procura iluminar o caminho do casal de noivos, como uma forma de trazer felicidade para eles.
Dança das taças
A dançarina exterioriza sua deusa interior, fazendo do seu corpo um veículo sagrado e ofertado. Utilizando o fogo das velas, que representam a vida.
Dança da serpente
Por ser um animal considerado sagrado e símbolo da sabedoria, antigamente as sacerdotisas dançavam com uma serpente de metal (muitas vezes de ouro). Atualmente vê-se algumas bailarinas dançando com cobra de verdade, mas isto deve ser visto apenas como um show de variedades, já que nem nos primórdios da dança o animal era utilizado. Justamente por ser considerada sagrada, a serpente era apenas representada por adornos utilizados pelas bailarinas e pelo movimento de seu corpo.Dança do candelabro , do fogo e da velaEste tipo de dança existe a muitos anos e fazia parte das celebrações de casamento e nascimento de crianças. É tradicionalmente apresentada na maioria dos casamentos egípcios, onde a dançarina conduz o cortejo do casamento levando um candelabro na cabeça. Desta maneira, ela procura iluminar o caminho do casal de noivos, como uma forma de trazer felicidade para eles.
Dança dos véus
Não se sabe ao certo como surgiu a dança com véus. Dizem que ela tem suas raízes na dança dos sete véus que é uma dança onde os véus representavam os sete chakras em equilíbrio e harmonia. A retirada e o cair de cada véu significavam o abrir dos olhos que desperta a consciência da mulher. O véu atualmente é um dos símbolos mais comuns da dança do ventre e são muitos os passos que o utilizam. Alguns são usados especialmente para emoldurar o rosto ou o corpo da dançarina, assim envolvendo-a em mistério e magia. Por ser transparente, tem o encanto de mostrar sem revelar.
Dança com snujs
Pequenos címbalos de metal, os snujs eram usados pelas sacerdotisas para energizar, trazer vibrações positivas e retirar os maus fluidos do ambiente, além de servir para acompanhar o ritmo da música.
Dança com pandeiro
Era sempre feita com o sentido da comemoração, da alegria e da festa. Assim como os snujs, acompanha-se seu som com o ritmo da música.
Dança do bastão
Há uma dança masculina originária de Said, região do Alto Egito, chamada Tahtib. Nela são usados longos bastões chamados Shoumas. Estes bastões eram usados pelos homens para caminhar e para se defender. Note que Said também é o nome do ritmo originário desta região. As mulheres costumam apresentar-se utilizando um bastão leve ou uma bengala, imitando-os, porém com movimentos mais femininos. Elas apresentam-se ao som do ritmo Said original, ou mesmo do Baladi ou do Maqsoum. Durante a dança, a mulher apresenta toda a sua habilidade, equilíbio e charme. Costuma-se chamar esta dança feminina de Raks El Assaya (Dança de Said). A Raks El Assaya foi introduzida nos grandes espetáculos de Dança do Ventre pelo coreógrafo Mahmoud Reda. Fifi Abdo teria sido a primeira grande dançarina a apresentar performances com a bengala. Porém ela se apresentava com roupas masculinas.
O Zaar
É uma dança de êxtase, praticada no norte da África e no Oriente Médio, não aceita pelo Islamismo. Ele é melhor descrito como sendo uma "cerimônia de cura", na qual utiliza-se percussão e dança. Funciona também como uma forma de compartilhar conhecimento e solidariedade entre as mulheres destas culturas patriarcais. No Zaar, a maior parte dos líderes e dos participantes são mulheres. Muitos estudiosos têm notado que, embora a maioria dos espíritos transmissores sejam masculinos, as "receptoras" geralmente são mulheres. Isto não significa que os homens não participem das cerimônias Zaar; ele podem ajudar na percussão, no sacrifício de animais, ou fazer as oferendas. De fato, em algumas culturas praticantes do Zaar, são observadas tendências em se inserir uma participação masculina maior, nas quais ele, mais do que cooperador, busca tornar-se o líder. Atualmente ocorre uma proliferação de grupos de culto no Sudão, além de uma diversificação nos tipos de Zaar.

Hana Rasmah

Breve Historial

workshops com:
Zuel e Ayda(2009)
Claudia Cenci-Formação Profissional(2009)
Paola Zillotto-2008
Mahmoud Reda - Egypto - 2007
Princess Fharhana - California - 2007
Aziza - USA - 2007
Northan Sherif - USA - 2007
Lulu Sabongui - Brasil - 2006
Joana Saarinah - Portugal/Egipto - 2005/2006
Sara Nadirah - Portugal - 2006
Nazir Al Din - Portugal - 2005/2006
Nur Amar - Portugal - 2005/2006/2007
Munique Neith - Espanha - 2006
Alexandra Forte - Brasil - 2005
Zuel - Espanha - 2005
Hassan - Egipto - 2005
Americo Cardoso - Portugal - 2005